Peço, desde já, desculpa pelo que estiver mal explicado ou pelo que não se perceber porque há coisas das quais ainda não consigo pronunciar o verdadeiro nome, e pelas asneiras ou palavras mais rudes mas isto não passa de um desabafo e se eu me puser aqui com meias palavras não vou pôr cá fora exatamente como me sinto e vou acabar por desistir de escrever isto até ao fim. Já me conheço.
A verdade é que escrevi aquele última texto com alguma relutância, estive muito tempo para ganhar coragem em abrir feridas ainda por sarar, mas depois de ser dos 'posts' com mais visualizações, depois de ter os comentários a dar-me força (e agradeço muito por isso, não imaginam o bem que isso faz!), percebi que fiz o que estava certo e uma das coisas que me disseram que eu precisava era de passar para o lado de fora todo o turbilhão de sentimentos que tinha dentro de mim e parecendo que não essas pessoas ajudaram a estar aqui a escrever ver outra vez, a falar sobre uma coisa que para mim é ainda mais dificil, um assunto muito mais delicado, nem sei se vou conseguir escrever até ao fim. Nem sequer comecei a falar e já tenho as lágrimas a fugirem do meu controlo. Mas eu não gosto de chorar e hei-de conter-me até ao último instante.
Bem, um problema com a comida nunca é só isso, tem sempre alguma coisa por trás, há sempre um desgaste psicológico muito grande. Eu sempre achei que era uma pessoa forte, aliás diziam-se sempre isso porque eu antes raramente chorava à frente dos outros, o que agora parecia um hábito porque eu estava completamente fora de mim e não controlava nada. Aguentei todos os problemas que tinha em casa, e não eram meras discuções das quais muitas raparigas se queixam, eram - e são - problemas sérios. Mas depois de me ter ido tão a baixo sei que sou fraca, é isso que mais me custa admitir. Eu só queria estar sozinha, não atendia as chamadas que me faziam, não respondia a muitas mensagens, falava mal com toda a gente e ficava sempre sozinha, não queria mais saber das pessoas, nem de mim eu queria saber. Estava a tentar fugir da merda de vida que levava, estava cansada de me magoar com tudo o que acontecia, estava cansada que não se importassem comigo, eu estava a fugir de mim mesma porque me sentia um lixo. Desejei tantas vezes ser outra pessoa, não conseguia lidar com nada, parecia que a minha força tinha sido toda canalizada para os problemas dos anos anteriores e tinha-a perdido e por mais que procurasse não a encontrava. Ai...sinto-me tão estúpida! Eu queria mesmo "sair de mim" e ter outra vida, a vida de qualquer uma das pessoas que estivesse à minha volta, não queria mais viver a minha, sentia que ela já tinha acabado e que não havia nada que eu pudesse fazer para a mudar. EU, pensava isso. EU, que mudo todos os dias. EU, que arranjo sempre forma de mudar. Já não arranjava, "EU", já não o era, já não era nada. Tinha vontade de morrer. Pior de tudo, à minha volta ninguém se apercebia ou quase ninguém. Apenas duas pessoas e quando elas tentavam avisar os outros que estavam mais próximos de mim não davam ouvidos. E eu afastava-me deles por isso, a realidade estava a doer muito e eu não queria ser deixada sozinha, preferia ser eu a deixar toda a gente e achar que tinha sido uma opção minha. Uma vez eu resolvi pedir ajuda, mas não deu em nada, viraram-me as costas. Ah, mas antes disso deram-me um monte de medicamentos. Má ideia!! Pois é, um dia passei-me e agarrei numa caixa inteira e mandei estômago a baixo. Mas não surtiu o efeito que eu desejava. Passei o dia sem conseguir andar, sentia-me zonza se estivesse em pé ou sentada, a minha fala estava completamente afectada, parecia drogada e passei o dia inteiro a adormecer, nem sequer conseguia controlar isso, quando dava por mim já estava a acordar sobressaltada. Foi horrível. Eu só queria desaparecer, a minha vida não fazia sentido, eu não tinha nada.
Só espero um dia encontrar o meu rumo...

(parece que consegui escrever até ao fim, obrigado aos que leram. E queria muito que sentissem comigo o que senti mas não consigo, não consigo explicar tudo ao pormenor porque não ia aguentar. Desculpem-me)