A joana ligou-me e perguntou se podia vir ter comigo, eu disse que tinha de estudar mas ela insistiu muito. Não me quis dizer pelo telefone o que se passava e eu disse-lhe que nos encontrávamos no caminho porque não ia aguentar ficar à espera. Peguei nas chaves e saí. Ia toda a tremer, a pensar nas piores coisas, a minha cabeça foi atormentada pelas hipóteses mais cruéis. Cheguei ao pé dela. Ficou estática a olhar para mim. "Preciso de te dizer uma coisa muito séria. Vais ter de ser muito forte e acredita que este é o pior lugar que uma pessoa pode assumir, só estou a fazê-lo porque te amo muito e sei que...", "Não aguento mais! Diz de uma vez, porraa!!", "O Diogo teve um acidente e...", "Cala-te! Cala-te! Ai, não por favor, não digas. Eu não quero ouvir!!", "Pára, tens de ouvir! Ele morreu". Fiquei sem chão.
Eu morri naquele instante! Isto não podia estar a acontecer. Mandei-a embora e deixei-me cair no chão. Senti uma dor tão forte no peito, mal conseguia respirar, as lágrimas escorriam pelo meu rosto incesantemente. Só consegui sair dali muitas horas depois do sol se pôr. No dia a seguir fui ao funeral, sozinha. Quando cheguei, lá estava a mãe dele, dei-lhe um abraço. Depois fui ao caixão, agarrei a mão dele e comecei a chorar, não consegui controlar-me e quando acordei estava no hospital, tinha desmaiado. Durante aquela semana deixei-me ficar na cama, o meu telemóvel foi ao limite de chamadas não atendidas e a caixa de mensagens ficou cheia com coisas que eu nem lia. Acabou por ficar sem bateria. O meu corpo tornou-se irreconhecível, estava sem formas, quase sem peso. Uns dias depois a Joana foi buscar-me a casa e obrigou-me a ir à escola, eu fui. Foi horrivel. Todos sabiam o que se passava, "olha aquela era a ex-namorada daquele que morreu", todos olhavam com ar de reprovação. Eu nem sei bem como ia vestida, era a coisa que menos me importava, mas ia desmazelada, sei que levava uns óculos de sol para ninguém ver os meus olhos. E mal entrei no pavilhão todos me vieram abraçar e eu não reagi, entrei na sala e no fim da aula a Joana estava lá para me levar até ao bar e comer qualquer coisa. Saí com uma sandes na mão, "Vais comer isto até ao fim! Eu preciso de ir porque tenho agora um teste, mas promete-me que comes isto", "Sim, fica descansada", "Contigo assim nunca vou ficar".
Nisto estavam um grupo de rapazes lá ao pé, eu estava sentada no pavilhão em frente e quando reparei um deles sentou-se ao meu lado, eu nem o conhecia. Pôs-me a mão à volta dos ombros, "Vá princesa, precisas de comer", olhei para ele e comecei a chorar sem parar. Ele abraçou-me e quando abri os olhos percebi que não estava a sonhar...
Oh, muito obrigada querida!*
ResponderEliminar